21 de março de 2015

MÉDIUNS: CONSCIENTE, SEMI-INCOSCIENTE E INCOSCIENTE

O CASO DOS CHAMADOS “MÉDIUNS CONSCIENTES” NA MECÂNICA DA INCORPORAÇÃO OU TRANSE... CONFUSÃO, DÚVIDAS, SUGESTÃO ANÍMICA, TESTE


Agora que acabamos de tecer algumas considerações sobre certos aspectos da mediunidade na Umbanda (o que é indispensável em todos os nossos livros), vamos entrar com um ângulo especial; vamos elucidar mais uma vez a questão do chamado “médium consciente” de incorporação...

O denominado dom consciente é um dos fatores de maior perturbação, confusão, desacertos e erros... quer na Corrente de Umbanda, quer na própria corrente kardecista.

Nesta é que foi criada tal qualificação, geradora das eternas dúvidas...

Mas examinemos o caso de maneira mais simples possível, porque se impõe mais uma vez novos esclarecimentos... relembrar verdades.

O que nós na Umbanda qualificamos de mecânica de incorporação é o mesmo que o chamado transe mediúnico na doutrina kardecista.

No kardecismo ou em suas obras básicas, diz-se que o médium quando em transe pode ficar inconsciente, semi-inconsciente e consciente.

Troquemos isso em miúdos: quando inconscientes no transe, não sabe de nada do que está se passando, quer com o seu corpo físico, quer no ambiente ou com as pessoas etc., nessa dita ocasião.

Ele – o médium – está tomado completamente, quer no seu psiquismo, quer no seu sistema nervoso, quer nas partes motoras de seu organismo: por isso está inconsciente – caiu em sono profundo... a entidade incorporante dominou tudo e passa a comunicar-se...

No segundo aspecto – o semi-inconsciente, o médium apesar de dominado em suas partes sensoriais e motoras, ou seja, se a entidade incorporante, consegue dominar o seu corpo físico (inclusive pelo órgão vocal), consegue também envolver ou frenar todo o seu sistema nervoso ou neuro-sensorial e faz uma espécie de ligação ou “casamento fluídico” com o psiquismo do médium em transe, o qual por via disso fica com o seu citado psiquismo assim como que em passividade, deixando que a comunicação da entidade incorporante se processe firmemente (sim, porque na maioria dos casos, mesmo que tente interferir, não tem forças: bem entendido – se é médium de fato e de direito) ou que possa fluir através dele,
inclusive por sentir que seus órgãos sendo dele – médium – naquela ocasião ou no transe não são mais dele (temos que usar termos assim, para descrever um fenômeno que somente os que têm mesmo esse dom poderão confirmar que estamos dizendo exatamente o que se passa).

Dá-se com o médium semi-inconsciente uma espécie de afastamento forçado de sua vontade, de sua ação ou força de interferir na atuação ou na comunicação da entidade incorporante: todo ele fica frenado durante o citado transe...

Nessa altura – convém repetirmos – o médium semi-inconsciente não tem domínio direto sobre seus órgãos motores, ou seja, em seu corpo físico, nem pode dominar as reações nervosas que por acaso ocorram e por incrível que pareça, até o seu órgão vocal passa a retransmitir passivamente a palavra (ou a comunicação), impulsionando completamente por outra inteligência operante, que tanto pode ser o seu protetor ou guia ou mesmo um espírito qualquer...

Quando o médium semi-inconsciente tem de fato esse dom bem equilibrado ou em estado de bom funcionamento, acontece quase sempre um outro fenômeno curioso com ele: durante a ocasião em que se processou a incorporação, de tudo o que se passou (ou passa com ele ou em torno dele), ou guarda ligeiras recordações ou acontece mesmo esquecer e ainda lhe é difícil reter corretamente na memória as comunicações faladas ou cantadas (no caso de ser da Umbanda)...

Guarda apenas na memória, por vezes, o sentido ou as impressões boas ou más causadas por ela – a comunicação – ou pelo próprio espírito incorporante sobre as outras pessoas...

Mas, isso acontece quando o médium tem de fato e de direito o dom da mecânica da incorporação...

Antes de falarmos do chamado dom da mediunidade ou de “médium consciente”, devemos ressaltar mais alguma coisa sobre essas duas modalidades acima descritas.

Na Corrente Astral de Umbanda, de fato e de direito, os Guias e Protetores – nossos caboclos e pretos-velhos, são, sem a menor dúvida: os primeiros, verdadeiros magos, entidades de conhecimentos profundos, mestres na alta magia, com centenas de reencarnações (muitos já isentos disso) e com lições e experiências em vários setores da vida humana e astral...

Quanto aos segundos... os Protetores, embora estejam abaixo daqueles, são entidades evoluídas, tem conhecimentos seguros sobre várias coisas e principalmente das leis kármicas.

Foram grandes rezadores, curandeiros, médicos, advogados em suas sucessivas reencarnações.

Enfim: por menor que seja o grau evolutivo desses espíritos como Guias e Protetores (na Umbanda) sempre estão acima do grau evolutivo de seus eventuais médiuns ou aparelhos...

Assim sendo, dadas suas luzes, seus graus de adiantamento, é raro escolherem um médium da chamada fase de incorporação inconsciente...

Porque, esses, são aparelhos “mais brutos”, são assim como que “pegados à força” e isso não condiz com a natureza vibratória deles...

Esses raros aparelhos inconscientes – simples veículos ou “cavalos”, estão mais condicionados aos ambientes mediúnicos inferiores, assim como os terreiros de quimbanda ou seja: a essa mistura humana de “candomblé e umbanda” com seus rituais confusos e espalhafatosos, barulhentos etc...

Então – os nossos Guias e Protetores gostam mais de escolher as criaturas que portem o dom na fase de semi-inconsciência. É a modalidade mais adequada, mais apropriada à Corrente Astral de Umbanda (com acentuada propensão dos Guias para escolher médiuns de dons mais elevados, como seja, à clarividência, a vidência e principalmente os de sensibilidade psíquica astral extraordinária)...

Porque os médiuns da modalidade acima são mais firmes, adquirem uma grande confiança em seus protetores espirituais, em suma, uma poderosa convicção mediúnica em si e neles, em conseqüência das comunicações, conselhos, trabalhos, efeitos etc. E é justamente por isso, por causa desse ângulo, que muitos acabam fracassando. Mas deixemos isso agora de lado, visto mais para adiante se encontrar um estudo quase que completo sobre o assunto. E é em relação com o exposto que podemos asseverar que as entidades no grau de GUIAS costumam operar mais através de aparelhos já bastante evoluídos, já com adiantado discernimento, ou seja, já bem conscientes da responsabilidade decorrente de uma missão ou da condição mediúnica. Por isso é que esses são raros...

Quanto às entidades no grau de PROTETORES, seguem mais ou menos as pegadas dos Guias, isto é, também procuram aparelhos em condições as melhores possíveis... e mesmo assim, quer uns, quer outros, costumam se “transviarem”...

Então o que podemos dizer dos aparelhos que são tão-somente simples veículos, geralmente forçados a essa função mediúnica? Não tem e não querem (a maioria, há de haver exceções) nenhum esclarecimento, mesmo porque, não estão ainda em condições de um alcance maior ou de um entendimento já acessível à leitura, à doutrina etc...

São esses que comumente “acontecem” nos terreiros de baixa tônica espiritual e que são levados ou “pegados à força” pelos seus protetores ou espíritos afins... e assim sendo, quase todos são da mecânica de incorporação, fase dita como inconsciente, pelo menos permanecerão nessa fase até melhorarem em seus graus evolutivos. Sim, porque há os que melhoram, evoluem também...

Feitas essas considerações, tratemos agora diretamente da decantada e espinhosa questão dos chamados “médiuns-conscientes”... Cremos ter ficado bastante claro que o médium cujo dom o situou, na mecânica de incorporação ou transe, na fase inconsciente ou semi-inconsciente, é porque, obrigatoriamente, tem que se sentir atingido, ou seja, dominado, semidominado, envolvido, frenado etc., em três pontos capitais, nas partes: psíquica, sensorial e motora...

Se assim não fora, é porque positivamente não é médium de incorporar espíritos; não tem o dom mediúnico na mecânica de incorporação ou transe.

Pois bem: como admitirmos ser ele consciente, isto é, vendo tudo, sabendo tudo, tão lucidamente, a ponto de dizer o que quer e até “torcer” de moto-próprio e reconhecer que está “incorporado” ou que uma entidade está incorporada nele?

Sim, porque encosto já entra noutro aspecto: é coisa que fere, que contunde, que atua, que transtorna, que irrita seu corpo astral, mas não é contato-mediúnico, não é dom – é sim atuação negativa. É ou não um paradoxo, um absurdo?

Pois se diz – e está provado – que é denominado assim como “médium consciente”, porque fica tão lúcido, tão senhor de todos os seus atos “mediúnicos” que invariavelmente, duvidam de si e dos outros também... pois se não são nem vibrados, nem ao menos sentem nem os característicos tremores, sacolejos, os fluidos magnéticos de contato em certas zonas, de plano conhecimento dos verdadeiros médiuns de incorporação, que identificam até quando é de “caboclo ou preto-velho” etc... pelas ditas zonas neuro-sensoriais do corpo físico, que as entidades logo influenciam quando tomam contato e fazem “ponto”, ao preceder da incorporação propriamente dita... Pois o que acontece e está acontecendo, confundido, causando dúvidas cruciais, são três fatores que ninguém quer levar em consideração: a vaidade, o animismo e a mediunidade de irradiação intuitiva – a mais comum de acontecer numa corrente de Umbanda.

No primeiro fator, a criatura quer ser médium de incorporação de qualquer jeito. Tem essa vaidade; quer o “seu caboclo ou o seu preto-velho” também, porque os outros os tem. Então “forja” as ditas incorporações e se apresenta mascarado com um ou com outro. No segundo fator, temos o tão discutido animismo, que é uma própria exaltação do espírito da criatura, sugestionado, devido a seus ardentes desejos, a seu misticismo, alimentados pelas ondas vibratórias (de pensamentos) do ambiente e acaba apresentando-se também “com o caboclo fulano ou sicrano”...

No terceiro fator, temos justamente o desvio “nevrálgico” de criatura médium mesmo.

Sendo que, nesse caso, que é o da maioria, a criatura tem a mediunidade de irradiação intuitiva e não se conforma com isso. Ele também quer “o seu caboclo” visível, sensível e palpável ou para todo “mundo ver”...

O que acontece então? Ele que poderia receber as irradiações de uma boa entidade protetora, em seu estado normal, assim como que telepaticamente e, pelas intuições projetadas em seu campo mental, ser muito útil, cumprindo a sua parte, termina nem se prestando a isso nem as outras coisas... Assim, digamos logo de vez: quer nas sessões kardecistas, quer nas de Umbanda, os médiuns que mais dão “mancadas” (desculpem o termo de gíria), embaraçam tudo, confundem tudo e dão mais trabalho são exatamente esses considerados como “médiuns-conscientes”, porque vivem na tola pretensão de “incorporar” entidades que só existem nas suas imaginações... 

Uns fazem assim pela pura ignorância dos simples, outros por serem sugestionados pelos “seus chefes-de-terreiro” a isso e ainda outros mais porque, mal orientados desde o principio, criaram um tal “cascão” de sugestão anímica que, se lhes for provado que não estão incorporando nada, ficarão perturbadíssimos, tal o impacto da verdade a que muitos não tem resistido...

Em suma: o denominado médium consciente, ou melhor, o chamado dom de mediunidade consciente não existe como fazendo parte da mecânica de incorporação ou transe... Essa denominação somente pode se aplicar aos médiuns sim, mas de irradiação intuitiva, que é tão boa e tão útil quanto as demais. Isto é que é o certo. Quanto ao mais é querer tapar o sol com uma peneira. 


E ainda como finalíssima: e porque tudo isso assim é, quase todos tem verdadeiro pavor de uma palavra “tabu” a qual ninguém aplica se quer ter paz nas sessões (quer de umbanda, quer kardecistas) e mesmo se não quer espantar os seus “médiuns”... Esse “tabu” chama-se TESTAR... Ninguém quer ser testado em seus “mediunismos”...

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